Deputada indígena diz que acionará MPF e Conselho de Ética contra Kim Kataguiri; deputados bateram boca

Deputada indígena diz que acionará MPF e Conselho de Ética contra Kim Kataguiri; deputados bateram boca

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) afirmou nesta quinta-feira (17) que irá acionar o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP)A decisão foi tomada após um bate-boca durante a votação do projeto que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental.

Segundo Célia, Kim cometeu racismo e violência política de gênero durante a discussão no plenário. Além da fala de Kim, Célia relatou que também teve sua vestimenta ironizada pelos deputados Coronel Fernanda (PL-MS), Sóstenes Cavalcante (PL-AL) e Rodolfo Nogueira (PL-MS), que a chamou de “pavão misterioso”. Célia usava no plenário um cocar com penas de pavão.

 

Em nota divulgada nesta quinta-feira (17), Kim Kataguiri afirmou que foi chamado de “deputado estrangeiro” por ter ascendência japonesa e classificou a reação da deputada como “vitimismo”.

“Isso não passa de vitimismo de quem quis se colocar como dona de uma discussão sobre licenciamento ambiental e recebeu uma resposta atravessada em troca”, disse o deputado na nota (leia a íntegra baixo).

Durante a sessão, Kim acusou os parlamentares de votarem sem ler o texto. Célia rebateu dizendo que o deputado deveria pedir perdão aos povos indígenas.

 

“Esse deputado estrangeiro, esse deputado reborn, que acabou de falar, nem sequer tem o direito de falar da questão indígena. O senhor não sabe da história, portanto o senhor fique quieto!”.

 

Kataguiri, que é neto de japoneses, respondeu chamando a parlamentar de “cosplay de indígena” e Célia considerou a fala uma referência ao cocar que usava no plenário e classificou o episódio como “racismo televisionado”.

 

“Estrangeiro, próximo de onde estão os seus ancestrais, é o pavão, que é um animal da Ásia […] Não tem nada a ver com tribo indígena do Brasil, mas parece que tem gente que gosta de fazer cosplay”, afirmou Kim.

Questionada se ao chamar Kim de “estrangeiro” não estaria reproduzindo um discurso racista, Célia afirmou que se referia ao desconhecimento do parlamentar sobre a pauta indígena.

“Primeiro que ele chama a gente de índio. Indígena significa aquele que é de origem daquele lugar. Quando uma pessoa a uma pauta desconhecida, estranha, vem falar sobre a gente, ele é um estrangeiro”, explicou.

“Nós povos indígenas somos considerados estrangeiros dentro do nosso próprio território, mas é estranho a ele uma pauta que ele não tem autoridade para falar e falou de forma violenta”, concluiu a parlamentar.

Leia a íntegra da nota de Kataguiri:

“Durante a sessão desta noite, estava debatendo técnica e profundamente o texto da Lei Geral do Licenciamento Ambiental, quando fui surpreendido por uma fala da deputada Célia, que claramente não leu uma linha do texto do projeto, na qual fui chamado de “deputado estrangeiro”.

Após a minha resposta, ela ainda me acusou de racismo, sendo que foi ela quem começou as provocações, me chamando de “deputado estrangeiro” em razão da minha ascendência japonesa. Esse show todo teve a intenção de paralisar a votação da Lei Geral do Licenciamento Ambiental, contrariando os instrumentos democráticos previstos no nosso regimento interno, pois sabia que seria derrotada.

Ela diz que eu não tenho direito de opinar sobre questões indígenas, mas não contesta que tribos afetadas pela usina de Belo Monte receberam, como “compensação ambiental”, caminhonetes Hilux, inclusive da marca Toyota, marca estrangeira japonesa. Isso não passa de vitimismo de quem quis se colocar como dona de uma discussão sobre licenciamento ambiental e recebeu uma resposta atravessada em troca. A qual repito: pavão é animal asiático e não tem ligação com tribos brasileiras.”

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