Corregedoria Apura Prisão de Médico Residente e CRM-MT Promete Representação por Abuso de Autoridade
Foto: Montagem/RepórterMT
Cuiabá, MT – A controvérsia envolvendo um delegado da Polícia Civil de Mato Grosso e um médico residente ganhou novos capítulos. A Corregedoria Geral da Polícia Civil confirmou que está investigando a conduta do delegado Pablo Carneiro, da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, que deu voz de prisão ao médico residente Gilmar Silvestre de Lima em um hospital da Capital.
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) elevou o tom das acusações e anunciou que irá ingressar com uma representação formal contra o delegado por abuso de autoridade, classificando a prisão como “abusiva” e baseada em uma “fantasia” sobre a atuação do profissional de saúde.
O Motivo da Prisão e a Suspeita do Delegado
O incidente ocorreu quando o delegado Carneiro buscou atendimento para uma avaliação pré-cirúrgica e foi atendido pelo médico residente. O delegado estranhou ser atendido por Gilmar e, após conferir o registro no formulário, concluiu que o médico estaria exercendo a especialidade de anestesiologia sem a devida titulação.
A ação resultou na apreensão de 13 fichas pré-anestésicas preenchidas e assinadas por Gilmar, incluindo a ficha do próprio delegado. A suspeita de exercício ilegal da especialidade foi a justificativa inicial para a voz de prisão.
CRM-MT Garante Legalidade e Denuncia Abuso
O CRM-MT rebateu veementemente a acusação do delegado. O Conselho garante que o médico residente Gilmar Silvestre de Lima é formado, inscrito no CRM, e está plenamente apto ao exercício profissional sob supervisão, conforme previsto nas regras da residência médica.
A entidade considera que a abordagem do delegado configurou violência institucional e abuso de autoridade, destacando que não houve qualquer ilegalidade na atuação do médico. Segundo o CRM-MT, a lei ampara o residente para realizar os procedimentos necessários, mesmo sem o título de especialista.
O Andamento da Investigação
Após ser detido e levado à delegacia, o médico residente foi ouvido e liberado. A Polícia Civil informou que a Corregedoria Geral está apurando os fatos. O procedimento será conduzido pela Delegacia Especializada de Estelionato, onde o delegado Carneiro trabalha, e testemunhas serão ouvidas nos próximos dias.
O caso coloca em lados opostos o poder policial e as prerrogativas médicas, com a Corregedoria tendo a tarefa de determinar se o delegado agiu dentro da legalidade ou se cometeu abuso de autoridade.

